E QUE TAL, SE PLANEASSEMOS OS NOSSOS CONTACTOS?
E QUE TAL, SE PLANEASSEMOS
OS NOSSOS CONTACTOS?
Já tenho ouvido trabalhadores a comentar que os seus representantes estão sempre em reunião, ou fechados na sua sala e, se questionados, às vezes respondem que não têm tempo de ir ao terreno.
Outras vezes, trabalhadores há que se queixam da ausência de comunicação e contacto dos dirigentes com os locais de trabalho: “então, vai haver eleições” (políticas)? Ou” decidiram uma greve”? Ou mesmo “há anos que ninguém do sindicato cá aparece!” Ou mesmo “ninguém nos liga nenhuma, nada nos informam!”
Sinais evidentes de incomunicabilidade. Sindicato que não comunica, morre. Ou não existe!
Não generalizemos, mas considerando, por um lado, a micro ou pequena dimensão das empresas, por outro a cada vez menor presença de organização (como de membros) sindical nos locais de trabalho, juntando tudo isto, que significado tem? Que impacto na ação sindical?
Claro que, em muitíssimos casos, o patronato, as chefias intermédias (muitas vezes mais papistas que o Papa!) fazem tudo para impedir a comunicação dos representantes com os seus representados. Levantam problemas à movimentação dum delegado sindical ou membro da CT, de falar durante o tempo de trabalho com cada trabalhador, por exemplo, impedem que o trabalhador possa contactar os representantes em privacidade. E ameaçam o trabalhador com quem o representante quer comunicar (e atenção comunicar tem sempre os 2 sentidos: falar e ouvir)! Chegam ao ponto de espalhar rumores, até de caráter pessoal, contra os representantes. O que fazem – por uma cultura anti sindical instalada e promovida durante anos e anos pelos governos e partidos principalmente da direita política – é procurar ter o sindicato fora; se impossível, que não comuniquem.
Do lado sindical há que reconhecer as dificuldades e os recuos. Temos hoje menos organização local, menos representantes, menos formados (incluindo na formação a ação sindical e coletiva, refletida), menos plenários (que, aliás, se foram tornando rotinas ineficazes e de simulacro democrático participativo), logo menos tempos de discussão coletiva. E se a discussão e participação é menos, as condições de trabalho, os direitos, o cumprimento das normas estão mais em risco.
MAS ENTÃO QUE FAZER?
A comunicação pessoal com os trabalhadores é essencial. A não pessoal também não se pode dispensar, claro. Então o que há a fazer, desde logo, é ter uma leitura clara da situação, do interesse patronal mais ou menos evidente, e de não ceder. Prioridade de cada representante no local de trabalho, como de qualquer dirigente sindical destacado no sindicato é informação e contacto com os trabalhadores.
Direi que um PLANO DE INFORMAÇÃO E CONTACTO, permanente, contínuo, ajuda a atingir objetivos. E SEMPRE USAR OS TEMPOS SINDICAIS, os tempos que a lei nos atribui.
Logo nele:
- Ter uma linha de tempo determinada
- Ter objetivos claros
- Definir circuitos e locais de comunicação
- Prever os meios complementares entre si: pessoal e um meio outro de comunicação (p.e. O placard de empresa, um blog, uma mailing list, grupos de watts app…)
- Atingir o máximo de trabalhadores
É muito importante não deixar o terreno livre para a narrativa da empresa dominar; a verdade sindical influencia a relação de forças.
Todas as reuniões e as suas conclusões práticas onde os representantes participem, devem ser informadas. O que os representantes fazem, a sua agenda, porque não ser aberta?
Claro que tudo isto dá trabalho e implica delegados ou membros de CTs preparados (e a formação sindical tem para isso um papel indispensável) ou informados, ou que são apoiados pelas direções para isso. Mas é assim que os representantes se dignificam, se sentem valorizados, se verão mais respeitados pelos representados. E, já agora, encontrarão motivação tão necessária para as suas funções.
Não temos aqui a solução dos problemas comunicacionais dos sindicatos e dos representantes laborais; mas temos um contributo e a certeza de que é preciso persistir para informar, esclarecer, convencer, mobilizar e até obter novas adesões.
TEXTO DE (Ulisses Garrido)
Concordo