O que não sabemos sobre a China

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O mundo de trabalho na China é de enorme importância para os trabalhadores europeus, mas sabemos pouco sobre ele. O «Boletim do Trabalho para a China» (China Labour Bulletin – CLB) é publicado por uma ONG cuja missão é tornar a vida laboral chinesa mais transparente e apoiar o movimento dos trabalhadores chineses. Avançamos aqui algumas razões para nos informarmos melhor sobre a situação da classe trabalhadora na República Popular da China e apresentamos o CLB cujo endereço é https://clb.org.hk/en.

A China de hoje é a única superpotência global ao lado dos EUA. Graças ao seu enorme crescimento económico nas últimas décadas, ganhou a capacidade de desafiar a hegemonia norte-americana no mundo. A economia chinesa é a segunda maior economia do mundo e representa aproximadamente 20% do PIB global. Mais de um quarto das 500 maiores empresas do mundo estão sediadas na China. Dentro do sistema de capitalismo de Estado na República Popular da China operam cerca de 30 milhões de empresas privadas que geram quase dois terços do PIB nacional.

O número de pessoas que trabalham na china é aproximadamente 740 milhões, constituindo a maior força de trabalho a nível global. A população ativa na Índia tem quase 600 milhões, a da EU 220 milhões de pessoas e a dos EUA 160 milhões.

A única central sindical legal na China é a Federação dos Sindicatos de Toda a China (All-China Federation of Trade Unions – ACFTU) que tem perto de 300 milhões de membros, representando 40% da força de trabalho. A ACFTU é e maior organização sindical no mundo, mas o seu poder é limitado, uma vez que está estreitamente integrada nas estruturas do Estado.

Tudo o que se passa na República Popular da China tem uma enorme importância para nós, porque é a maior nação exportadora que inunda os mercados mundiais com os seus produtos graças à exploração muito eficaz da maior força de trabalho do mundo. Temos, portanto, grande interesse nas condições de trabalho na China, mas sabemos muito pouco sobre elas.

Existe uma fonte de fácil acesso que ajuda a encontrar informação sobre o mundo do trabalho. É o China Labour Bulletin – CLB (Boletim do Trabalho para a China), uma ONG com sede em Hong Kong que apoia o movimento dos trabalhadores na China. No seu website o CLB descreve a sua missão da seguinte forma:

O China Labour Bulletin apoia e colabora ativamente com o movimento emergente dos trabalhadores na China. Reconhecemos que, na sua luta contínua por salários decentes, trabalho decente, dignidade e direitos, os trabalhadores da China precisam de um sindicato que possa representar e defender exclusivamente os seus interesses na negociação coletiva com o empregador.

Reconhecemos também que o único sindicato da China com um mandato legal, a Federação de Sindicatos de Toda a China (ACFTU), não conseguiu até à data apoiar adequadamente o movimento dos trabalhadores. O nosso objetivo é responsabilizar a ACFTU perante os seus membros; encorajar e capacitar os trabalhadores a participarem significativamente no sindicato e a tornarem-no seu; e, assim, transformar as empresas e os sindicatos locais em instituições genuinamente democráticas e centradas nos trabalhadores.

Embora a própria China permaneça firmemente no centro da missão do CLB, nos próximos anos procuraremos, paralelamente, construir uma maior solidariedade Sul-Sul entre os trabalhadores da China e os de outros países do Sul Global afetados pelo investimento e pela influência ultramarinos chineses.

https://clb.org.hk/en/content/about-us

O website apresenta uma visão geral da evolução da situação nos últimos seis meses, com mapas dos três tipos de incidentes: greves, acidentes de trabalho e pedidos de ajuda dos trabalhadores. No dia 10 de novembro de 2024, a ação coletiva mais recente relatada foi uma ameaça de greve contra salários em atraso numa fábrica de eletrónica em Shenzhen e o pedido de ajuda mais recente foi de um programador que ficou com salários em atraso depois de deixar o emprego. Nos seis meses anteriores a 10 de novembro o CLB registou 754 ações grevistas incluindo ameaças de greve, 65 acidentes de trabalho e 503 pedidos de ajuda.

Há também notícias mais elaboradas sobre casos como estes três: «Trabalhadora da BYD vítima de assédio sexual e despedida ilegalmente: Direção hostil, sindicato silencioso» (https://clb.org.hk/en/content/byd-worker-sexually-harassed-and-illegally-fired-management-hostile-union-silent), «Análise dos dados do China Labour Bulletin Strike Map: primeiro semestre de 2024 em análise para os direitos dos trabalhadores» (https://clb.org.hk/en/content/china-labour-bulletin-strike-map-data-analysis-first-half-2024-review-workers-rights) e «Quebrar o molde: A Lei da Cadeia de Abastecimento da Alemanha como uma nova abordagem à responsabilização global pelos direitos laborais» (https://clb.org.hk/en/content/breaking-mould-germanys-supply-chain-act-new-approach-global-labour-rights-accountability).

O site do CLB é escrito em inglês e chinês. Quem precisar de tradução, pode sempre usar um dos muitos tradutores automáticos de boa qualidade e gratuitos (como p.e. o https://www.deepl.com/en/translator) para conseguir ler os artigos.

 

Reinhard Naumann. 10 de novembro de 2024


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